Em cinco meses, açude de Boqueirão/PB perde 27,2 milhões de m³ de água
Há cinco meses, o açude Epitácio Pessoa (Boqueirão), no Cariri paraibano, que abastece Campina Grande e outras 18 cidades da Paraíba, deixou de receber as águas da Transposição do Rio São Francisco. Desde então, o volume do reservatório vem diminuindo gradualmente, de modo que o manancial perdeu 27,2 milhões de metros cúbicos de água, contando do fim do mês de abril até esta sexta-feira (21).
Os dados estão de acordo com a Agência Executiva de Gestão das Águas (Aesa) e revelam que, enquanto, em abril, Boqueirão estava com 144.639.522,16m³, o equivalente a 35,13% da capacidade total, agora o volume do reservatório é de 117.433.865 m³, o que corresponde a 28,53% da capacidade. Com essa redução, são exatos 27.205.657,16 m³ a menos de água no reservatório, totalizando uma perda de 6,6% da capacidade total do açude.
Essa redução, portanto, segue a tendência natural do fato de o reservatório não estar recebendo as águas da transposição, bem como pela escassez de chuva na região, conforme o presidente da Aesa, João Fernandes. “Também tem o fato da abertura da comporta para Acauã[açude Argemiro de Figueiredo, no Agreste do estado]. Mas a situação está sob controle e estamos com um volume confortável”, acrescentou o presidente.
Essa mesma opinião é a do especialista em recursos hídricos, Isnaldo Cândido. Segundo ele, o volume armazenado no Epitácio Pessoa não desperta preocupação, ainda. Contudo, ele reforça a necessidade de fazer um consumo consciente da água do reservatório.
“O cenário atual é um volume satisfatório, atendendo as demandas. Boqueirão perde, semanalmente, de 10 a 11 centímetros. Do ponto de vista técnico, isso não é preocupante, considerando um cenário sem chuva e sem água do São Francisco. Mas, claro, a população precisa fazer a sua parte, consumindo com racionalidade, reuso e cautela”, frisou.
Seis últimos volumes
- Abril (volume do dia 30) – 144.639.522,16 m³ (35,13%)
- Maio (volume do dia 31) – 143.903.294 m³ (34,95%)
- Junho (volume do dia 30) – 137.277.240,56 m³ (33,35%)
- Julho (volume do dia 31) – 130.099.016 m³ (31,60%)
- Agosto (volume do dia 31) – 122.532.821,92 m³ (29,76%)
- Setembro (volume do dia 21) – 117.433.865 m³ (28,53%)
Entenda a interrupção no abastecimento
O abastecimento das águas do Rio São Francisco, em Boqueirão, deixou de ocorrer após a retomada das obras de recuperação nos açudes de Poções e Camalaú, localizados nos municípios paraibanos Monteiro e Camalaú, respectivamente. A interrupção aconteceu no dia 2 de abril, atendendo a uma recomendação do Ministério Público Federal (MPF), na Paraíba.
A retomada das obras foi necessária para que os açudes pudessem armazenar água das chuvas com segurança. Isso porque, no período em que os municípios abastecidos pelo açude Epitácio Pessoa estavam na iminência do colapso total de água, o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs) encontrou, como solução imediata, a execução de um canal escavado através dos vertedouros das barragens Poções e Camalaú.
Conforme o Ministério da Integração Nacional, as obras de recuperação e modernização são complexas. Em Poções, por exemplo, os serviços incluíram montagem de tubulação, instalação de equipamentos hidromecânicos e a ampliação do vertedouro. Já em Camalaú, esta segunda etapa dos trabalhos exigiu a aquisição e instalação de equipamentos hidromecânicos.
O coordenador do Dnocs na Paraíba, Alberto Gomes, informou, no entanto, que, há dez dias, as obras situadas no trecho que recebe as águas do Velho Chico foram finalizadas, e Boqueirão deve estar retomando o abastecimento, por meio do Projeto de Integração das Águas do São Francisco, nos próximos dias. “As águas do São Francisco já passaram por Monteiro e em breve chegam a Boqueirão”, explicou.
Ainda de acordo com Alberto Gomes, estão sendo feitos alguns reparos nos açudes de Camalaú e Poções, mas são obras complementares e não atrapalham o curso das águas da transposição. A previsão é que tudo seja concluído em outubro deste ano.
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